Uma História de Talento

Esta história começou para 37 jornalistas no dia 7 de fevereiro de 2011 e não tem previsão de acabar!
Uma "História Viva" que se construiu a cada dia, sempre vai deixar saudade e reuniu num mesmo endereço da rua Pedro Ivo, no centro de Curitiba, o eco de sotaques vindos do interior do Estado, Santa Catarina, São Paulo, Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Estes são os Talentos Jornalismo GRPCOM 2011


terça-feira, 12 de abril de 2011

Perfil de Talento – Rafael Waltrick

O talento Rafael Waltrick tem agora um novo desafio: a Economia. Esse catarinense já tem uma bela história no jornalismo (como é possível perceber nas encantadoras respostas deste perfil) e está começando, nesta semana, a escrever notícias na Gazeta do Povo sobre o mundo dos negócios e do dinheiro.
Outro destaque do Rafael, que vamos conhecer nas linhas abaixo, é um moço bem romântico que demonstra nuances do vermelho do seu coração.
Waltrick é com muito prazer e orgulho que te damos a palavra no blog Jornalistas de Talento (já que você sempre adorou as letras).
Porque você escolheu ser jornalista?

Desde criança, sempre fui muito incentivado pela minha mãe a ler. De tudo: livros, revistas, histórias em quadrinhos. E, com isso, acabei pegando gosto também por escrever. Quando tinha 12 anos, comecei inclusive a escrever um romance, que nunca terminei, mas tenho guardado até hoje. Assim, sendo bem prático, como tinha facilidade para escrever e gostava muito de ler, achei que o jornalismo seria a opção mais plausível. Só depois, quando já estava na faculdade e trabalhando na área, acabei assumindo o jornalismo como uma paixão mesmo, adotando a profissão por motivos mais nobres, por assim dizer.
Conte sobre sua experiência no Santa, jornal do Grupo RBS.
O Santa foi uma grande escola pra mim. Uma segunda faculdade, por assim dizer. Na verdade, em jornalismo, acredito que muito se aprende mesmo na prática, dentro da redação. Logo que me formei, tive a sorte de conseguir um emprego no Santa, na editoria de Geral e Segurança. Já tinha trabalhado em outros jornais, mas nenhum do porte e estrutura do Santa.
A primeira grande experiência surgiu uns quatro meses após ser contratado. Como era pouco conhecido na cidade, fui escolhido para fazer uma série especial, onde eu teria que “encarnar” um migrante, vindo do “interior” em busca de emprego e moradia. Assim, com a barba grande, só de bermuda e uma camisa velha, fui largado na rodoviária de Blumenau com R$ 30 no bolso. Se não arranjasse emprego ou lugar pra ficar, ia ter que dormir na rua. Claro que não queriam que eu corresse risco ou levasse tudo ao extremo, mas botei na cabeça que só funcionaria se eu “interpretasse” mesmo tudo ao pé da letra. No fim das contas, fui parar em um abrigo para moradores de rua, onde fiquei dois dias, dormindo e comendo lá. Fui entrevistado por assistentes sociais, psicóloga, fiquei próximo dessas pessoas que moravam na rua e não tinham parentes, amigos ou qualquer expectativa em relação a nada. Ninguém descobriu meu “disfarce” e, no final, pagaram minha passagem de volta pro município de Lages, de onde eu dizia que tinha vindo. Esse foi o ponto de partida da série de reportagens.
Em outro momento, eu e um repórter fotográfico nos “infiltramos” no interior do Litoral catarinense para desvendar a logística e preparação da farra do boi, uma prática comum na época da Páscoa, proibida por lei. Acabamos ficando próximos do maior fornecedor de bois para a farra do Estado e conseguimos detalhes de como todo o esquema funcionava. A intimidade com o cidadão era tanta que ele, que tinha uma mercearia no interior de Tijucas, chegou a fazer churrasco pra gente. Foi complicado depois anunciarmos pro cara que éramos jornalistas, mas essa proximidade fez parte da estratégia da matéria. Também virou uma série de reportagens especiais.
Também pelo Santa, viajei até Israel, onde passei uma semana preparando reportagens para os cadernos de Turismo e Viagem do Grupo RBS, a convite do Ministério do Turismo do país. Foi uma grande experiência profissional e pessoal. É um país maravilhoso, muito peculiar, que acabou sendo refém de uma imagem equivocada transmitida por parte da mídia.
Com o tempo, acabei virando editor assistente de Geral e Segurança, onde passei a fazer parte do “outro lado”, onde também aprendi muito. Para não me estender mais, posso dizer que fazer um jornal diário é, sim, cansativo e estressante, mas, também, um grande barato para quem gosta mesmo da coisa. Em toda profissão é assim: você só é feliz se está fazendo aquilo que gosta. Mas vejo que no jornalismo isso é muito mais forte, é preciso sentir tesão, paixão pelo que você está fazendo.
Comente um pouquinho também sobre sua relação com a Economia e a empolgação para o novo trabalho na Gazeta.
Tenho muito a agradecer à Marisa e ao pessoal da Gazeta pela chance. Esse trabalho temporário será mesmo uma grande experiência e desafio, até porque nunca trabalhei efetivamente em uma editoria de Economia. Já fiz algumas matérias, mas nunca adotei a rotina desse tema no dia-a-dia. Sinto que vou aprender muito, pedalar um tanto e achar que estou lendo grego às vezes (risadas). Mas, agora que me deram essa oportunidade, é a minha vez de fazer o máximo e correr atrás. Hoje, inclusive, comprei pela primeira vez na vida a revista Exame.
 Qual característica da sua personalidade você mais gosta?
Eu me acho muito tranqüilo. Aprendi que não vale a pena se estressar e que preocupação é um gasto de energia por antecipação e, portanto, desnecessário. Você precisa estar focado, concentrado, mas não sair por aí arrancando os cabelos. No fim, tudo se ajeita. Se não se ajeitou ainda, é porque não chegou ao fim (típica filosofia de boteco, mas é verdade).
Uma habilidade. Como descobriu ela?
Tocar violão. Não que eu seja um exímio músico, longe disso, mas acabei aprendendo na marra, quando eu tinha lá uns 14 anos, motivado por um primo que também tocava. Nunca fiz aula e, hoje, gosto muito de passar o tempo tocando violão, seja sozinho ou num churrasco, pro pessoal. Tanto que estou com uma saudade tremenda dos meus três violões, que ficaram lá em Itapema.
Quais são seus principais gostos?
Sou meio fanático por cinema e literatura. Coleciono DVDs e livros e sou meio compulsivo com essas coisas. Posso ficar meses sem comprar uma roupa pra mim, mas dificilmente passo duas semanas sem fazer umas comprinhas no sebo ou na Americanas, que tem uns filmes baratinhos.
Um segredo
Quando eu tinha seis anos de idade, perguntei pra minha mãe como se escrevia “apaixonado”. Estava escrevendo uma cartinha pra uma colega da escola. Escrevi, mas nunca entreguei a carta. Talvez por isso eu seja um romântico frustrado até hoje.
Uma paixão
Fora o cinema, literatura e jornalismo? Grace Kelly. É a mulher mais linda que já vi na vida e uma grande atriz. Mandei fazer um tempinho atrás um quadro dela e pendurei na parede do meu apartamento em Blumenau. De vez em quando, olhava e dava uma suspirada.

Conte sobre uma história da sua infância.
Sempre fui um aluno meio CDF. Não era daqueles chatos (assim espero), mas levava os estudos muito a sério. Um dia, na sétima série, pelo que me lembro, recebi uma prova de matemática. Tinha tirado quatro. Chorei que me acabei, ali, no meio da sala, e em casa. Foi, no mínimo, constrangedor. Com o tempo, acabei vendo que tirar uma nota baixa não era o fim do mundo.  
Como você espera o futuro?
Oscar Wilde, um escritor e dramaturgo que gosto muito, diz: “O saber é fatal. Na incerteza é que está o encanto”. Acho que o dia em que eu concluir que o meu futuro está traçado ou que já sei exatamente o que vai acontecer, terei perdido muito da vontade e do tesão de viver. Espero somente que o futuro me surpreenda e que, lá na frente, eu possa olhar pra trás e ver que todas as dificuldades, desafios, incomodações e sacrifícios valeram a pena.
Uma mensagem para deixar para a posteridade e a prosperidade: Não tenha medo de ousar, arriscar, apostar alto, sonhar, amar. É isso que nos mantém vivos. É por isso que vale a pena acordar todos os dias de manhã.

Um comentário:

  1. Só para deixar registrado: não sei o que seria de mim sem os conselhos sensatos de Rafael Waltrick.

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