Na Gazeta do Povo, Cherubini escreveu um tempo sobre tecnologia e economia. Logo depois, ele foi para o jovem caderno Gaz+. Em entrevista por e-mail, ele conta sobre experiências no trabalho com o público jovem, fala sobre seus gostos musicais e relembra como brincava na infância.
É com prazer que o blog Jornalistas de Talento abre sua cortina para o discreto e inteligente Fábio.
Porque você escolheu ser jornalista?
Escolhi ser jornalista lá pelos meus 13 anos, mais ou menos. Sempre gostei de ler gibis e revistas, e procurava o tempo todo acompanhar as novidades que saíam nos cinemas, na música e na televisão. Isso era o que me interessava na época e tinha vontade de trabalhar com isso. Sem contar que gostava bastante de escrever e era bom em redação.Mas para ser bem sincero, uma coisa que me influenciou lá no começo era o fato de o jornalismo me parecer uma oportunidade de ganhar discos e entradas para shows de graça, além de poder viajar por aí e tratar a cada dia de um assunto diferente. Pode parecer engraçado – e é –, mas era bem assim que eu pensava... E isso sem considerar a ideia de que o jornalismo me livraria da monotonia dos escritórios.
Só que de lá para cá as coisas mudaram muito. Fui aumentando o meu interesse por outros temas e vendo que a profissão poderia trazer outras possibilidades de realização. Talvez pareça esquisito, mas tenho a sensação de que venho me tornando cada vez mais idealista, como se estivesse indo por um caminho inverso.
Sinceramente, acredito cada dia mais que nós, jornalistas, temos uma ferramenta muito forte nas mãos e que, por esse motivo, a nossa responsabilidade com a sociedade é bem grande. Penso muito nisso dentro e fora da redação, então procuro tratar ao máximo de temas que motivem entre os leitores o protagonismo, a auto-estima e o desejo de mudança. Não sou pessimista quanto ao presente ou ao futuro, mas acho que tem muita coisa errada no nosso mundo, e o papel que nós temos para melhorar as coisas é muito importante.
"Foto um pouco mais recente. Data de 2010, quando fui pro SWU, em Itu - o que explica o tamanho do telefone"
Como foi a experiência durante o trainee?
Poxa, foram tantos momentos, tantas emoções... Dentro do período em sala de aula (e lá se vai um ano!), o que mais me marcou foi a importância de valores como a persistência, a força de vontade, a perseverança e o esforço para alcançarmos as nossas conquistas, que são diárias. Além disso, foi muito gratificante ter participado do processo do trainee junto de gente tão talentosa. Acho que a nossa turma tinha ótimos profissionais e vejo bons horizontes para grande parte deles. Esse intercâmbio de ideias na turma e a relação de reciprocidade entre nós e os professores com certeza foram algumas das coisas que mais gostei naquele tempo.
Qual a importância do Gaz+ na sua vida?
O Gaz+ foi a segunda editoria em que fiquei por mais tempo dentro da Gazeta – a primeira foi a de Economia, com uma passagem de um mês. Desde julho fui contratado pelo caderno, que, até agora, está sendo uma oportunidade bem legal para mim. No Gaz, tenho bastante liberdade para sugerir pautas, escrever sobre vários assuntos – de tecnologia a música – e poder trabalhar o texto de um jeito mais solto. Tanto que não imagino outro lugar dentro do jornal em que não achariam esquisito escrever uma matéria sobre zumbis (!), o que de fato eu fiz logo na minha primeira semana de Gaz. Mas na verdade, acho que isso acaba sendo natural dentro caderno, já que ele é voltado para o público jovem.
Não fez ainda nem meio ano desde que fui contratado como repórter, mas já passei por experiências muito legais lá dentro. Pude conhecer o interior de Minas Gerais - uma região que sempre quis visitar -, assistir à Elza Soares e ao Jorge Ben Jor ao vivo, ir ao Criança Esperança e comer o salgadinho dos artistas, ver o show do Pearl Jam a trabalho e várias outras experiências.
Conte sobre uma história da sua infância.
Bom, essa não chega a ser bem uma história, mas quando era criança gostava muito de imaginar os meus próprios brinquedos. Era mais ou menos assim: em vez de brincar com robôs ou espadas, pegava o meu chinelo e imaginava que ele era alguma dessas coisas! No fim das contas, acho que isso era bom para mim, que alimentava a minha criatividade. E também para os meus pais, que gastavam pouco comigo. Para me divertir, nada que um chinelo e umas fitas de videogame não resolvessem...
"Já nessa eu estou dando um rolê com um dos meus carrinhos"
Conhecer o mundo.
Um segredo
Se eu contar vai deixar de ser segredo...
Uma paixão
Futebol... Brincadeira, essa foi a primeira coisa que me veio em mente. Gosto muito de música.
"Eu e a minha irmã, Vanessa, na praia, em algum momento perdido da nossa infância. Desde pequena, ela não largava de mim"
Sua música predileta e uns versos que te emocionamDifícil de dizer. A cada semana escuto algo diferente – agora estou ouvindo dub, mas até semana passada o que tocava no meu MP3 era basicamente Hard Core clássico e Math Rock. Mas sem dúvida uma das músicas mais bonitas feitas até hoje, para mim, é a Ária na Corda Sol, de Johann Sebastian Bach. Gosto muito pelas diferentes sensações que passa, como se sentimentos dos mais distintos estivessem presentes nela: tristeza, amor, felicidade...
Quanto aos versos, não consigo lembrar de nenhum em especial, mas gosto muito do poema Ma Bohème, de Arthur Rimbaud, que não chega a ser bem uma música, mas está entre os meus versos favoritos. O poema é assim:
“Eu ia, os punhos nos meus bolsos furados;
Meu paletó também se tornava ideal;
Ia sob o céu, Musa! Eu te era leal;
Oh! lá lá! Quantos esplêndidos amores foram sonhados.
Minhas únicas calças tinham um largo remendo.
- Pequeno-Polegar sonhador, semeava na minha corrida
Rimas. A Ursa Maior me dava a acolhida.
- Minhas estrelas no céu sussurravam tremendo.
E eu as escutava, sentado à beira das estradas,
Nestas boas noites de setembro sentia gotas amadas
De orvalho na minha fronte, como de um vinho a canção;
Onde, rimando entre vultos fantásticos,
Como liras, eu puxava os elásticos
Dos meus sapatos feridos, um pé perto do meu coração!”
"Nessa foto eu apareço no colo da minha avó, Dinorá, curtindo um som em Tangará, cidade do Oeste de Santa Catarina. Deveria ser alguma coisa bem legal, provavelmente. No canto à direita está a minha tia, Jussara"
Fale um pouquinho sobre sua relação com o Paraná.
Foi no Paraná que eu nasci e vivi toda a minha vida. Gosto bastante do meu estado, mas ainda existem muitas cidades para conhecer. Até agora, a minha favorita é Curitiba, onde passei a infância e vivo nos dias de hoje. Daqui, gosto da Rua 15, do Largo da Ordem, do ônibus passando ao lado do cemitério da Água Verde, do brilho da água que sai do chafariz nos dias de sol, das feiras ao ar livre, das noites frias. Mas nem por isso não considero morar em outros lugares.
Qual característica da sua personalidade você mais gosta?
Perseverança.
Uma habilidade. Como descobriu ela?
Não sei, mas acho que sou bom em descobrir quais sabores de comida combinam entre si, como misturar palmito, champignon e provolone numa pizza ou sanduíche. Foi uma coisa que acabou surgindo naturalmente, já que não como carne e tenho que encontrar alternativas para manter a minha dieta vegetariana.
Quais são seus principais gostos
Gosto de ler, escrever, ouvir música, pensar, caminhar, sonhar, conversar, beber e sair com os meus amigos, conhecer novos lugares e pessoas, sentir a cidade. Sou uma pessoa bem urbana.
Um aprendizado especial de 2011:
Acredite em si mesmo e não crie grandes expectativas. Seja humilde: saiba do que você é capaz e até onde pode ir, e dê um passo de cada vez, nunca maior do que a própria perna. Para tudo tem o seu tempo.
Como você espera o futuro?
Melhor para todos.
"Essa foi tirada em agosto do ano passado. Só não ligue para o teto aparecendo"
Uma mensagem para deixar para a posteridade e a prosperidade:
Sejam insatisfeitos. Não achem que as coisas não podem ficar melhores, porque elas podem e devem. É só olhar a nossa volta e, principalmente, dentro de nós mesmos. Vivemos longe de um mundo ideal, com guerras, ódio, injustiça. Há muito trabalho pela frente para chegarmos ao ponto em que queremos, e o primeiro passo para isso é mudar a nós mesmos.
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